Um prato à moda dos chefes


                                                                     
Pronto! Estão aí as medidas da troika e as linhas com que nos vamos coser nos próximos anos, mesmo sabendo que será mais cozer em lume brando e que pode faltar o gás a meio.
É que o prato à moda dos chefes europeus que nos prepararam não é uma iguaria, ao contrário do que o primeiro ministro quis fazer parecer naquela intervenção antecipada que, apesar de tudo, merecia constar em qualquer manual de retórica e comunicação. Afinal, José Sócrates até pode não ter jejitinho nenhum para governar o país (como se viu), mas é muito hábil a fazer crer o contrário (como se vê).
E a esta habilidade junta uma outra coisa que o povo costuma designar de lata. O nosso primeiro tem lata para dar e vender. Que de outra forma se pode descrever aquele ar satisfeito ao anunciar um "bom acordo" conseguido pelo governo, omitindo o 'pormenor' de que o dito bom acordo foi necessário exactamente porque o dito governo nos levou à situação em que estamos. 
O que Sócrates fez foi dar-nos a receita de uma sopa sem os ingredientes de que não gostamos. Não gostam de nabo, não tem nabo. Não gostam de abóbora, não tem abóbora. Não gostam de couve, não tem couve. Quando fomos ver, era literalmente uma sopa de pedra, mas, a bem da verdade, não tinha nenhum daqueles ingredientes que temíamos e que os jornais tinham vindo a anunciar numa espécie de receita em capítulos. 
Não nos vão cortar nos ordenados, não nos vão tirar o subsídio de férias e o 13º do nosso contentamento. Mas, não tenham dúvidas, vão obrigar-nos a comer todos estes cortes de forma indirecta, numa espécie de puré que vamos engolir sem vontade e com um aperto na garganta.
De nós sempre disseram que somos um povo que não se governa, nem se deixa governar. Pois bem, chegamos ao fim da linha desta máxima. Chegaram, dos confins dessa Europa de que nos devemos orgulhar de pertencer (dizem), uns senhores que nos vão efectivamente governar nos próximos anos.
Manuela Ferreira Leite disse, num dia não muito distante, que a solução para Portugal passaria por suspender a democracia durante seis meses. A troika foi mais longe e suspendeu a democracia por vários anos. Vamos a eleições, mas o verdadeiro programa de Governo não teve que passar pelo crivo do povo. Foi anunciado esta semana pela troika e vai ser mesmo cumprido

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